quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Goles imoderados

Que as gotas calmas que o solo regam
Sejam a causa das noites frias
De chuva densa
Que o corpo gelam.

Que este perfume
De aroma doce
Infiltre a pele
Deturpe a carne
Como se um veneno fosse.

Que a brisa leve que alisa a face
Seja o tufão
E da matéria
No ar em fúria,
A razão!

Que a poesia
De versos crus
Deva seu fruto
À dor real de quem a produz.

Que o sol de inverno
Seja a chama que sustenta
O calor do inferno
(e que o Diabo ostenta).

Que este mel
De todos os dias
Em vinho se converta
E a alma
De amargura
Embebeda!

Pois prefiro
Ao morno,
Ao suave,
Ao puro,
A embriaguez e os delírios
De uma vida – quase morta –
Cujo fim,
Desconhecido,
Pouco importa.