quinta-feira, 22 de maio de 2014

Multiface

Mais uma vez, atrevo-me a falar do amor. Ou melhor, de um amor. Porque o amor são vários. O amor se transforma, muda de formato, vai e volta. Ou não volta.

Não existe uma única referência para o amor. O amor não é aquilo que a gente vê ou ouve: esse é o amor do outros. O amor tem que ser nosso.

A definição universal do amor não dá conta de sua essência, que, por si, já é fragmentada.

O amor jamais pode ser reduzido ao sublime. O amor também é físico, sujo, às vezes egoísta.

O amor pode nem ser amor. Pode ser engano. Pode ser nada. E o nada revestido de amor pode ser tudo.

Atitudes não determinam o amor: ações sofrem influências. Até as palavras são obstruídas pelo ar e pelo som, ou pelo papel.
 

E tudo se perde.

Procuro exteriorizar o interno, conceptualizar o abstrato, dar forma ao incorpóreo.

E, mais uma vez, fracasso.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

É difícil descobrir com exatidão aquilo que se necessita, e até mesmo penoso. A dor aparenta ser a única força do corpo, expelindo com crueldade qualquer sinal de prazer. Entregar-me, pois, ao sofrimento, só alimenta a fraqueza. Lutar e rebater, no entanto, desgasta, principalmente quando em vão.

Eis que surgem, em algum instante, uma imagem, ato, sentimento, sensação, oriundos sabe-se lá de onde, vitais e renovadores. Breves ou longos, o mais curioso é que não são passíveis de entendimento. Apenas nesse momento percebo que é inútil a procura incessante por aquilo que se imagina ser o ideal. Sem luta e, ao mesmo tempo, sem fuga, permito ao mundo me tomar nas mãos e me fazer sentir, inesperadamente, o que eu própria não saberia desejar.