De longe, era apenas um ponto. E
de perto? Supôs que não poderia saber, pela distância em que se encontrava. Mas
não fez questão de se aproximar.
A coisa parecia adquirir novos
formatos, depois retornava ao original. A imagem turva provocada por uma visão
já prejudicada não definia cores. Era algo meio preto, meio marrom, meio
acinzentado.
Poderia ser, quem sabe, uma
pessoa. Não tinha certeza se os movimentos do ponto eram mero engano de seus
olhos. Às vezes, o via aumentar, como se estivesse mais perto, às vezes
diminuía, tornando-se quase inexistente.
Um ser vivo qualquer. Talvez um
animal, uma árvore. Mas aquilo flutuava! Já flutuava antes? Seu entorno era
deserto e obscuro. Mesmo iluminado, não teria sido facilmente decifrado.
As coisas mais esquisitas
surgiram como possibilidade. Uma nave que logo iria aterrissar. Alguém
praticando levitação. Um balão sem força para subir. Uma sombra, um reflexo de
um outro ponto qualquer não avistável.
Por um instante, aquilo nem
parecia real. Assemelhava-se às figuras distorcidas que só conseguimos enxergar
de olhos fechados. Ao menos tinham identidade, sabia-se que eram imaginárias.
Decidiu que não era seguro se
aproximar. Se ninguém o havia feito, não ousaria. E, de certo modo, não se
sentia mais em conflito.
Apegou-se firme à ideia de que
aquilo não seria outra coisa senão um ponto. De que valeria descobrir que fosse
diferente? O diferente é desconhecido, portanto, perigoso.
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