A cada instante sou uma. Se não fui ou
não serei, não o sei. Eu sou hoje, sou agora.
Sou o piscar dos olhos. O bater da asa do
beija-flor. O flash da máquina fotográfica. O suspiro de um susto. A angústia dos
que esperam.
Eu não espero nada. O futuro não me
pertence: eu só pertenço a mim. Embebedo-me de cada palavra que escrevo, que é
passado e já não me serve. Quero me ser inteiramente para não perder nenhuma
parte da minha integridade. Nenhum resquício do que sou. Quero apossar-me do impalpável
fragmento de tempo, que é só meu. Quero tatear o profundo ímpeto de
existir.
Eu deixo-me ser para entender.
Porque os instantes são múltiplos. Mas a
essência é uma.
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